Educação Humanitária (EH) é um conceito que engloba todas as formas de educação para justiça social, cidadania, questões ambientais e o bem-estar dos animais. A educação humanitária reconhece a inter de pendência de todos os seres vivos. Essa educação é baseada em valores: Desenvolve a sensibilidade para com todas as formas de vida, apreciação da diversidade e tolerência das diferenças. Estimula as crianças a terem mais compaixão e a aprenderem a viver com mais respeito por todos (o que se enquadra em qualquer política anti-intimidações e aborda o ciclo de violência inter-pessoal e abuso animal. Promove oportunidades para as crianças desenvolverem um sentimento de admiração, responsabilidade e dever de cuidar do mundo natural e seu meio ambiente. Aeducação humanitária torna claro que nós compartilhamos o mundo com outros animais que têm necessidades e sentimentos.
Contribui para o desenvolvimento de atitudes e pensamento crítico das crianças (o que aumenta sua auto-estima). Educação Humanitária – Um caminho para a Paz As pessoas que foram sensibilizadas para estar conscientes das sensações e sentimentos de outros seres têm maior probabilidade de pensar sobre o efeito de seus actos. A educação humanitária não trata apenas da obtenção de conhecimento, mas também do desenvolvimento de atitudes positivas e de zelo. Isto é particularmente importante com respeito a animais e ao seu bem-estar, já que esta é uma área frequentemente negligenciada em muitos sistemas educativos.
Tendo adoptado atitudes de zelo, os alunos devem agir desta forma ao longo da sua vida. Assim, serão capazes de tomar decisões baseadas na informação e compaixão. O termo “educação humanitária” é frequentemente aplicado ao ensino relacionado com tratamento adequado e ao respeito pelos animais. A definição verdadeira, porém, estende-se à compaixão para com animais, pessoas e meio ambiente. É importante entender que o respeito pelos animais e pelas pessoas está interligado; ex.: não faz sentido proteger espécies em extinção se o seu habitat não está sendo protegido e as pessoas não estão a ser incentivadas a consciencializarem-se das necessidades dessas espécies. A educação humanitária é então importante para desenvolver cidadãos responsáveis, pois torna as pessoas sensíveis às sensações/sentimentos de outros seres e, portanto, provavelmente mais conscientes do impacto das suas ações sobre os outros. A educação humanitária pode ser encarada como um investimento, pois os custos de uma sociedade indiferente e negligente podem ser imensos. A manutenção dos sistemas judiciário e penitenciário é cara. Existe então uma conexão entre crueldade com animais e crueldade com seres humanos? Os estudos revelam que sim. Há uma considerável quantidade de pesquisas (nas sociedades ocidentais) que relacionam maus-tratos de crianças com maus-tratos de animais. A teoria é que em lares onde há abuso ou negligência para com animais há probabilidade de que também ocorra abuso para com crianças. Pesquisas indicam haver uma conexão entre a socialização e experiências da criança e suas subsequentes atitudes e comportamentos. Está implícito que os elementos que contribuem para estas experiências são significativos para se determinar se vai haver um subsequente comportamento criminoso ou cruel. Para interromper o ciclo de maus-tratos, torna-se necessária uma legislação forte para os casos de crueldade com animais.
Proponentes da educação humanitária sugerem que estratégias para se mudar o comportamento de pessoas em relação a outros seres humanos emanam de valores motivacionais, morais e filosóficos subjacentes, os quais guiam e moldam a estrutura e o funcionamento das famílias. Estes também são os valores que moldam o nosso comportamento face a outros seres. Então a educação humanitária pode ser a forma de interromper o ciclo de violência, o que pode ser mais efetivo a longo prazo que a utilização de legislação. Kellert e Felthous, nos Estados Unidos, em 1985, estudaram a relação entre a crueldade com animais durante a infância e o comportamento agressivo na vida adulta em indivíduos criminosos e não criminosos. A informação foi analisada em conjunto com dados obtidos de entrevistas pessoais com adultos criminosos e não criminosos, em Kansas e Connecticut.
Descobriram que a crueldade com animais durante a infância ocorria num grau significativamente maior entre os criminosos agressivos que entre os criminosos não agressivos ou não criminosos, e que a violência doméstica era significativamente mais comum entre os criminosos agressivos com um historial de crueldade com animais durante a infância. Kellert e Felthous realizaram um estudo ulterior sobre crueldade com animais, em 1986, intitulado “Violência contra Animais e Pessoas: a agressão contra seres vivos é generalizada?”. Embora estes estudos sejam subjectivos, já que um número pequeno de pessoas foi usado, indicadores sociais, tais como a violência doméstica tanto para seres humanos quanto animais, levam-nos a concluir que crianças que presenciem actos de crueldade com animais, ou directamente os pratiquem, podem tornar-se adultos insensíveis, sem compaixão nem respeito por qualquer forma de vida.
Em pesquisa recente, Molento e colaboradores descobriram que 80,3% dos moradores do noroeste do estado do Paraná já viram alguém a agredir um animal. Considerado-se as implicações para o bem-estar animal e humano, associadas aos possíveis custos para a sociedade desta alta frequência de agressão aos animais, supõe-se que existe uma grande necessidade de investimentos em educação humanitária. A conexão entre a crueldade com animais e o comportamento violento contra pessoas foi bem documentada, especialmente nos Estados Unidos. Por exemplo: • Um assassino em série, que matou 17 homens, perfurava sapos e pregava gatos nas árvores do seu quintal
• Albert DeSalvo, o “Estrangulador de Boston”, que matou 13 mulheres em 1962/63, tinha disparado sobre cães e gatos após os aprisionar, na sua juventude •James Huberty, que matou 21 crianças e adultos no sul da Califórnia, na sua infância tinha morto o cão do vizinho
• Os dois meninos que mataram o bebé James Bulger em Liverpool, Inglaterra, costumavam arrancar as cabeças de pombos. Educação Humanitária Existe um crescente movimento que defende uma educação ética e de alta qualidade na biologia e na medicina humana e veterinária. Nesta nova tradição de ensino, estudantes aprendem através de uma combinação de variados métodos, que vão de um modelo à uma simulação computadorizada, ou auto-experimentação nos próprios estudantes ou em suas (seus) colegas. Para a experiência direta com animais, os estudantes observam os animais vivos, intervêm positivamente em animais doentes, e utilizam os corpos daqueles que morreram naturalmente. Em algumas instituições, entretanto, muitos estudantes ainda são obrigados a encarar o uso compulsório e prejudicial de animais. Dissecando a Tradição Negativa Este método causa sofrimento e morte a milhões de animais a cada ano. Ele ensina o desrespeito à vida porque os animais são considerados como instrumentos descartáveis, e em alguns países este método tem sido responsável pelo distúrbio ao meio ambiente, de onde muitos animais são obtidos. Embora a maioria dos estudantes nunca utilizarão animais em suas carreiras futuras, eles são encorajados ou coagidos a praticar a dissecção e a vivissecção e a conduzir, às vezes, experimentos muito dolorosos, contrariamente às suas crenças éticas. Alguns estudantes são forçados a trocar de curso ou a sair da universidade porque os cursos foram elaborados de forma a não oferecer a escolha por alternativas educativas válidas. Outros ainda acreditam ser mais fácil abandonarem o criticismo, perdendo, assim, uma saudável atitude científica e permitindo a subjugação de sua ética. Isto perpetua o problema e dessensibiliza os estudantes aos importantes valores de responsabilidade pessoal e respeito à vida. As profissões perdem muitas pessoas que insistem em manter juntas a ciência e uma ética coerente ao respeito à vida.
Transformando a Tradição A evidência de outras universidades é clara: estudantes podem e completam suas graduações sem qualquer violação de suas liberdades de consciência e sem prejudicar qualquer animal. Então, como professores, estudantes, ativistas e legisladores, devemos trabalhar para a harmonia com tais práticas positivas, contestando e abandonando a tradição negativa e apoiando o crescente movimento em direção à uma ciência mais humanitária. A IN Brasil oferece apoio prático aos professores para a substituição do uso prejudicial de animais, através de métodos alternativos existentes. Também encorajamos estudantes a defenderem seus direitos de liberdade de consciência e a demandarem um sistema de ensino humanitário de alta qualidade. 1º Congresso Latino-Americano e 1º Brasileiro de Educação Humanitária O 1º Congresso Latino-Americano e 1º Brasileiro de Educação Humanitária foi realizado nos dias 5 e 6 de maio de 2006, no Memorial da América Latina, em São Paulo. O evento, promovido pelo Instituto Nina Rosa – Projetos por Amor à Vida (INR), teve como público-alvo educadores de ensino médio e fundamental, professores e universitários da área de Biológicas, entre outros interessados no assunto. Seu objetivo foi o de incluir os conceitos sobre educação humanitária no ensino formal. Para isso, foram trazidos especialistas estrangeiros que já trabalhavam com o tema. Entre eles, Danielle Dennenberg, do Cambridge College, Internationl institute for Humane Education and Seeds for Change Humane Education, dos Estados Unidos; Jasmijn DeBoo, da World Society for the Protection of Animals, Inglaterra; Dennis Turner, da International Association of Human-Animal Interaction Organizations (IAHAIO), Suíça; e Nestor Calderón, da Universidad de Sale, Colômbia. Houve participação de aproximadamente 1000 pessoas nos dois dias, vindas de várias regiões do Brasil. Foram oferecidas bolsas para vários participantes Solidariedade, compaixão e ética A Educação de Valores se baseia na disseminação de valores como compaixão, solidariedade e ética. “O objetivo é criar pessoas que desde cedo já tenham aprendido e internalizado esses conceitos, que saibam como é bom fazer o bem. Acreditamos que assim vamos mudar as coisas. Não se muda nada reclamando, mas construindo”, afirma Nina Rosa, presidente do INR. Para a ativista, a evolução é um caminho sem volta. A facilidade de comunicação proporcionada pela internet, argumenta, está abrindo possibilidades, “e nossa intenção é que abra também os corações, caso contrário vamos ficando automatizados e os valores acabam esquecidos”. Nina cita o Dalai Lama, para quem a compaixão é não suportar ver o sofrimento do outro. E acrescenta: “Só sofrer não adianta. Lutamos para que cada ser humano faça sua parte. Assim, de gota em gota, faz-se um grande mar. Cada vez que alguém tem uma atitude solidária isso é contagiante. Nós somos exemplo o tempo todo.” Durante o congresso, que debateu temas como a conexão entre os maus-tratos a animais e a violência contra seres humanos e alternativas para o uso de cobaias no ensino, foi lançado o documentário “Não Matarás – Os animais e os homens nos bastidores da ciência”. O filme mostra o sofrimento enfrentado por animais durante pesquisas científicas.
(Fonte: http://www.aspa-sd.org)
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